28 de março de 2017 - Por Mariana Ribeiro
Muito se fala dos benefícios da diversidade na liderança das empresas. Segundo a última edição da pesquisa Women in Business da Grant Thornton International, diversas equipes se beneficiam das conexões com uma rede mais ampla, de maior legitimidade entre as partes interessadas e de melhor tomada de decisões. Mas, apesar do crescente consenso entre os líderes empresariais sobre esta questão, o ritmo da mudança é dolorosamente lento.
Em 2016, as mulheres passaram a ocupar 25% do cargos seniores das empresas, segundo dados do estudo. Apesar do avanço, entretanto, em 13 anos de pesquisa o aumento da representatividade feminina foi de apenas 6 pontos percentuais.
Entenda quais são as principais diferenças no perfil de liderança de homens e mulheres e como essas singularidades determinam o crescimento das empresas.
Enquanto a média mundial é de 25%, no Brasil, apenas 19% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. O ranking é encabeçado pela Rússia, com 47%, seguido por Indonésia, com 46%. Reino Unido, por exemplo, fica ao lado do Brasil, também com 19%. A pesquisa ouviu 5.500 executivos, em 36 das principais economias mundial.
Mesmo com a maior participação de mulheres nos altos cargos, o número de organizações sem participação feminina em nível sênior subiu de 33% para 34% do ano passado para cá. Entre as mulheres que ocupam esses cargos, ainda é mais comum que desempenhem papéis de apoio, como diretoras de recursos humanos e financeiras. A proporção de mulheres ocupando a primeira linha na diretoria executiva é de apenas 12%.
O relatório apresenta informações sobre a forma como mulheres e homens se portam nos negócios e enfatiza: é importante fugirmos dos estereótipos. “Isso pode levar-nos a nos concentrar nas coisas erradas ou a não buscar informações relevantes, o que resulta em uma tomada de decisão ruim”, aponta o documento.
O primeiro fator abordado foi a forma de enxergar o risco. Foram analisadas as respostas de 5500 líderes empresariais (homens e mulheres) sobre as suas percepções em diferentes situações. Enquanto a literatura tende a dizer que as mulheres são menos propensas ao risco, o resultado da pesquisa revelou que em oito das dez categorias analisadas, os homens viram mais riscos do que as mulheres nas situações apresentadas.
As diferenças foram mais significativas quando analisadas as estratégias utilizadas durante a tomada de decisões. “Os homens estão mais inclinados a saltar para uma decisão sim ou não, o que facilita a ação. Mas, na mesma medida, os homens podem agir com demasiada rapidez porque sentem que algo tem que acontecer rapidamente. Aqui, as mulheres podem fornecer controles e contrapesos para encorajar que riscos e oportunidades corretas sejam perseguidas. As mulheres tendem a aproximar o risco e a oportunidade de uma maneira holística e conduzida aos detalhes.”
O relatório mostra, ainda, que mulheres tendem a ver menos oportunidades do que os homens em vários aspectos da vida empresarial. Algumas teorias para explicar essa característica estão ligadas à autoconfiança – já que alguns estudos mostram que enquanto a maioria das mulheres se considera igualmente capaz a seus colegas de trabalho, a maioria dos homens se considera mais capaz do que suas colegas.
Tudo isso afeta a velocidade e a natureza da tomada de decisão. “Homens e mulheres percebem e respondem ao risco de maneiras diferentes, contrastando em como eles equilibram a agilidade e cautela. Juntas, estas forças facilitam estratégias de risco eficazes para o crescimento sustentável de empresas dinâmicas”, defende o relatório.
Ao mesmo tempo, portanto, em que os homens, potencialmente, podem trazer oportunidades elevadas de crescimento, é preciso ter em mente que essas apostas podem dar errado. A consciência de risco das mulheres tende a moderar comportamento extremos e aumentar a eficiência de planos estratégicos, por apresentarem maior sensibilidade social e reconhecerem melhor sentimentos, como de medo e perigo.
Fotos: Shutterstock
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